Uma surpresa no mundo jurídico. Em carta aberta, Fabiano Moura de Moura, anunciou sua ‘aposentadoria’ da carreira de magistrado.
Em suas
justificativas, ele alega que a partir de agora irá se dedicar ao
trabalho de evangelização. “A nossa Igreja vive um momento tão bonito de
transformação e responsabilidade com seu povo que padece pela falta de
solidariedade e compaixão. Enquanto eu puder viver a minha condição de
batizado, quero oferecer-me inteiramente à prática do bem, sendo eu
imperfeito, sendo Jesus perfeito em seu amor misericordioso”, disse.
Fabiano Moura
de Moura deixa a magistratura como o vigésimo nono juiz mais antigo da
Paraíba, apesar de seus apenas 44 anos de idade, tendo alçado à condição
de juiz mais novo do Brasil a compor uma Corte Eleitoral.
Confira:
Carta Aberta aos Meus Amigos
Tomei uma
grande decisão em minha vida. Pedi aposentadoria da condição de juiz de
direito, função que durante anos pude dedicar-me com responsabilidade e
amor.
A recente Lei
que diminui o prazo de contribuição para os deficientes me deu a
oportunidade de poder optar pela aposentadoria. Para os que não sabem,
desde que nasci, tenho visão monocular ( CID. 10 H 54-4). Sou cego de um
olho, mas enxergo bem pelo outro. Fiz a opção de não viver lamentando
pela visão que não tenho, mas louvar pela graça de ter um olho que me
permite enxergar bem. Hoje, justamente por essa cegueira, terei o
direito de dar à minha vida o rumo que desejo pelas razões que passo a
apresentar:
1- Passei anos
de minha vida na condição de magistrado. Função que honra e dignifica
qualquer pessoa. É uma atividade de muito poder que termina por gerar um
respeito imenso das pessoas com quem esse profissional convive. Foi um
tempo maravilhoso em que pude ajudar a muita gente com minhas decisões e
sentir-me útil na resolução de tantos conflitos.
2- Tive uma
carreira exitosa, com reconhecimento local e vários registros e comendas
nacionais pelos maiores órgãos da justiça brasileira. Saí da
magistratura como o vigésimo nono juiz mais antigo da Paraíba e, tendo
eu apenas 44 anos de idade, tenho a consciência que chegaria ao mais
alto cargo de minha carreira em meu Estado. Tive a graça de ser o juiz
mais novo do Brasil a compor uma corte eleitoral.
3- Contudo,
preferi aposentar-me. Prefiro dar curso à vocação que arde em mim. Quero
mais servir a Deus servindo aos meus irmãos e a uma Igreja viva. É
verdade que, mesmo sendo juiz, pude iniciar uma vida de compromisso com
aqueles que de mim precisaram dentro e fora da magistratura. Mas quero,
distante do poder, ter mais tempo para dedicar-me à escuta e ao trabalho
de evangelização na minha condição de batizado.
4- A nossa
Igreja vive um momento tão bonito de transformação e responsabilidade
com seu povo que padece pela falta de solidariedade e compaixão.
Enquanto eu puder viver a minha condição de batizado, quero oferecer-me
inteiramente à prática do bem, sendo eu imperfeito, sendo Jesus perfeito
em seu amor misericordioso. Ouço a voz do Santo Padre, Papa Francisco,
como um chamado para que todos de seu rebanho vivam a vocação de
serviço sem temor e com todas as ofertas possíveis que cada membro dessa
Igreja tem a colocar no altar. A minha oferta é a minha disponibilidade
de servir a quem de mim precisar. É tudo que tenho. É o que posso
oferecer.
5-
Quero estar mais presente em atividades pastorais. Quero usar o meu
potencial para falar para todos, nos mais diversos meios de comunicação,
do amor de um Deus que nunca se esquece de nós. Quero utilizar meus
conhecimentos científicos da Psicologia para atender em clínica (que
pretendo em breve inaugurar), participar mais ativamente da Fundação
Solidariedade ( onde sou Embaixador) e na Comunidade Eucarística Maná
(onde me coloco como servo menor) como forma de solucionar conflitos
humanos e espirituais.
6- Peço as
orações de todos. Agradeço a todos os colegas e amigos de trabalho que
me ajudaram a ser o juiz que pude testemunhar e, de forma especial, a
cada irmão que me faz, a todo instante, crescer para o verdadeiro
sentido da vida.
Renuncio ao poder dos homens para viver na dependência do único poder daquele que me interessa: Jesus Cristo.
Por último, aos
meus filhos, Maria Thereza e Matheus, destinatários de todo meu amor, o
meu pedido de compreensão por minha decisão que tem também o propósito
de deixar para vocês um testemunho de que na vida o que importa não são
os valores do poder pelo poder, mas o compromisso ético em melhor fazer o
bem, cada vez mais, para aqueles que de nós precisarem. Eis a vocação
que escolhi.
A todos, o meu carinho e consideração!!!
Pelas mãos de Maria, eis-me aqui, Senhor!!!
Fabiano Moura de Moura
Luis Torres
Blog rafaelrag com Cristianao Alves
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