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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Garoto de 14 anos, estudante de escola pública de Mari, passa na UFPB

Gabriel Leite foi classificado pelo Sistema de Seleção Unificada e conseguiu uma vaga para o curso de Física

Adendo do blog rafaelrag. No ano passado, no vestibular 2013 da UFCG, um estudante do 2o. ano do ensino médio de Alagoa Grande, foi aprovado para o campus Cuité, mas não recorreu na justiça e perdeu a vaga. 

Para mãe de Gabriel, filho tem maturidade para o desafio
Para mãe de Gabriel, filho tem maturidade para o desafio
O estudante Gabriel Leite, de apenas 14 anos, conseguiu uma vaga no curso de Física na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O adolescente fez 536 pontos no exame e a princípio estaria apto a entrar no curso. Porém, o garoto e a mãe, Antônia Leite, estão buscando ajuda jurídica para Gabriel poder fazer sua matrícula, pois ele ainda não concluiu o ensino médio e teria de possuir um certificado de conclusão dos últimos anos de colégio e entrar na Justiça para assegurar a vaga. Casos como o de Gabriel estão se tornando comuns no Brasil e na Paraíba: em uma escola particular de João Pessoa, 40 alunos ficaram na mesma situação de Gabriel do ano passado para cá.
A mãe do garoto, Antônia, já sabe da dificuldade de conseguir êxito nos tribunais em casos como esse. “Nós precisamos de um advogado para ele poder entrar na faculdade. É um caso bastante raro, no Brasil inteiro parece que só tem três casos de alunos que conseguiram entrar na universidade sem terminar o Ensino Médio. Uma menina do Mato Grosso do Sul passou para Artes Visuais na universidade de lá e conseguiu entrar no curso”, afirmou.
Antônia destaca que o filho também tem consciência da dificuldade para ingressar na faculdade. “Ele está ciente de que pode não chegar à universidade, ele não vai se aborrecer”, disse. Apesar do filho ser muito novo, Antônia disse que Gabriel demonstra maturidade para encarar o desafio. “Ele é um menino muito tranquilo. Tem 14 anos, mas todo mundo diz que ele tem cabeça de 18, 20 anos. Incentivo ele nos estudos, mas graças a Deus não preciso ficar pegando no pé dele, ele sempre foi muito responsável com os estudos”, explicou a mãe.
Gabriel mora em Mari (município do Brejo paraibano, a 80 km de João Pessoa) e estuda na Escola Estadual José Paulo de França. 


Ele contou que esteve perto de entrar em outro curso, mas acabou obtendo vaga para a segunda opção, Física. “Fiz o Enem só para pegar experiência mesmo, mas quando saiu o resultado vi que a média estava acima do normal e me inscrevi no Sisu. Na primeira chamada, fiquei perto de passar para Engenharia da Computação, mas não deu. Aí na segunda chamada, fui convocado para o curso de Física”, explicou. Ele recebeu a notícia com muita alegria, pois tem como objetivo cursar faculdade na área de Exatas, apesar de dividir os estudos com a participação de um programa jornalístico de uma rádio local. “Em casa foi uma festa. Fiquei surpreso, meu irmão mais velho então ficou mais surpreso ainda. Minha intenção é ir direto para a universidade mesmo”, disse. 
O estudante admite que não passa horas e horas em frente aos livros, mas gosta muito dos estudos. “Confesso que eu não sou muito aplicado, mas sempre tive uma facilidade grande para aprender as coisas. Escolhi Física porque prefiro muito mais a área de exatas, tenho preferência em trabalhar com algo que envolva a área de computação”, afirmou.
 
Universidades podem recorrer

Estudantes que passam pela mesma situação de Gabriel recorrem à Justiça para obter o direito de cursar faculdade, mas podem ter o direito revogado mesmo tendo começado o curso. “Mesmo entrando na Justiça, a entrada pode ser autorizada em primeira instância, mas a universidade tem que recorrer. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação não permite, o aluno só pode ingressar no ensino superior tendo o certificado do Ensino Médio. Em alguns casos, o Enem assegura a certificação para quem estava fora da escola e tinha mais de 18 anos na data de realização da prova”, afirma o coordenador de escolaridade da UFPB, João Wandenberg. Ele explica que em 2013, outro caso similar aconteceu e uma estudante não conseguiu garantir a vaga conquistada no Enem. “Teve um caso ano passado, de uma aluna de 9º ano de uma escola pública de João Pessoa que entrou na Justiça para ingressar na UFPB, mas o pedido foi negado judicialmente”, citou Wandenberg.

Maturidade é questionada

O diretor geral do colégio GEO João Pessoa, Alfredo Codevilla, disse que casos como o de Gabriel são recorrentes na instituição: do ano passado para cá, aproximadamente 40 alunos do colégio que não terminaram o último ano do Ensino Médio foram aprovados para algum curso. “Temos vários casos. Agora mesmo tivemos uma menina aprovada em segundo lugar em Computação e a família entrou com uma ação de emancipação na Justiça”, destacou Alfredo. Muitos pais de alunos têm recorrido a este recurso para os filhos ingressarem na universidade. “Eles entram com a ação para o aluno fazer o supletivo e obter o certificado do Ensino Médio. Ano passado tivemos 30 casos deste tipo e todos conseguiram liminar para entrar na faculdade, mas ainda estão aguardando julgamento de mérito para saber se podem continuar o curso. Neste ano, até agora temos 10 casos”, explicou o diretor.

Alfredo admite que os alunos que obtiveram a aprovação são bastante capazes, mas questiona quanto à capacidade psicológica deles. “Esses alunos demonstram capacidade, mas será que eles têm amadurecimento necessário para entrar na universidade? A gente sabe que eles têm capacidade, mas nesses casos, como é que fica o conteúdo do 2º ano? E do 3º ano, que é requisito para um aluno entrar em um curso da universidade? Eles chegam lá dentro e podem ser influenciados facilmente, ou descobrem que o curso que escolheram não era o curso que queriam, aí podem perder um semestre por causa disso”, questionou Alfredo.
 Blog rafaelrag com portal corrreio

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