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sábado, 7 de setembro de 2013

A AGAVE - Crônica de Martinho Ramalho de Melo.

Adendo do blog rafaelrag. O meu pai Manoel Rodrigues já morou em casa de taipa no Jacú, onde o Sr. Fausto Ramalho, pai de Martinho Ramalho, tinha uma plantação de agave, em Alagoa Grande, depois foi morar na  serra da Paquivira. Aos dezoito anos, o Sr. Manoel  foi trabalhar no Rio de Janeiro, quando voltou casou-se e foi morar na Vila São João, onde  nasci, iniciou a compra de agave em sua pequena Mercearia e tornou-se o principal comerciante de Sisal(agave)  da região trabalhando honestamente. Nesta época, todos os partidos de agave Alagoa Grande, inclusive o pai de Martinho Ramalho,  eram vendidos para o Sr. Manoel Rodrigues, que revendia à Brascorda em Bayeux. Uma das coisas que aprendi com ele foi saber perder, quando ele sempre dizia certos prejuízos poderá resultar em lucro.
 A zoada do motor de agave a óleo quebrava a rotina e a monotonia daquele pé de serra. Eu via os trabalhadores cortando as folhas dos pés de agave, via-os levarem para um paiol. Passavam a folha na desfibradeira e colocavam a fibra amarela estendida em cordas suspensas para secar.
Quando criança tinha algumas mechas de cabelo amarelo e por isso diziam:
- Cabelo de agave!
Papai deixou intacto os partidos de agave.  É uma cultura resistente e ajudava o gado na seca. Mas deixou de ganhar dinheiro com essa cultura, substituída pela cana. Passou depois a vender, periodicamente, o partido de agave a terceiros.  Depois de muitos anos, só ganhou um dinheiro quando vendeu a safra a um comprador de Cuité de nome Zeca Maduro.
Poucos anos antes de sua morte, desiludido com a possibilidade do preço de agave melhorar, mandou arrancar de vez toda a plantação da propriedade, para ceder lugar a roçados.  
Apesar de receber muita furada de espinhos da agave, quando passava para levar o gado de volta ao curral, eu tinha uma afeição muito grande ao agave, pois esta cultura ajudou muito meu pai mo inicio de sua vida de casado.
Com dinheiro de agave, meu pai comprou a casa em que nasci na rua da Olinda, depois demolida, que ajudou na criação e educação dos seus filhos. Foi o pontapé inicial de uma jornada de vida.
Do livro ”CRÔNICAS DA VIDA REAL” do escritor e jurista alagoagrandense, MARTINHO RAMALHO DE MELO.
Editora IDEIA, João Pessoa 2012, pg. 36.
Este texto foi digitado por Mariana Tamires da Silva, em 04/09/2013, filha de Bibiu.

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