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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Início do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física


Adendo do blog rafaelrag, ciências e educação. A SBF deveria fazer uma parceria com os mestrados acadêmicos em Física que estão funcionando no Brasil. Atualmente somente no Nordeste, existe pelo menos um curso de mestrado em Física em instituições públicas, mas está faltando linhas de pesquisa em Ensino de Física.
Vejo muitos pesquisadores qualificados, desenvolvendo suas atividades de pesquisa Física, que poderiam participar de um programa com a finalidade de formar mestres, sem ter a necessidade de criar um Mestrado Profissional separado dos mestrados acadêmicos. Visto que os docentes da  educação básica não tem tempo para ir até as universidades, em buscas dos avanços das ciências, deveria existir um programa de incentivo do governo Federal para levar o professor pesquisador das universidades até as escolas, para atrair bons alunos para os cursos de ciências e tecnologia
 
O Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF) está começando esta semana.  O curso é organizado nacionalmente pela Sociedade Brasileira de Física, em 21 universidades do país, com apoio da CAPES.

Em sua fase de elaboração e aprovação, a proposta foi objeto de inúmeras discussões e polêmicas, muitas delas acirradas, na comunidade de física e de ensino de física.  Neste momento em que o curso está se iniciando, é hora de reafirmar o que se pretende e agir para que o o programa tenha sucesso.
Os diagnósticos sobre a qualidade da educação básica em nosso país revelam que ela deixa a desejar. No entanto, não há consenso sobre as ações necessárias para melhorar esse quadro.  Essa falta de consenso é esperada e desejável numa sociedade democrática,  pois possibilita uma reflexão mais aprofundada e abre espaço para múltiplas ações em busca da melhoria do quadro.


Vivemos num tempo em que a evolução do conhecimento científico e tecnológico está se dando de forma muito rápida. A população precisa ter um mínimo de conhecimentos sobre a visão de mundo proporcionada pela ciência, para ser capaz de analisar e decidir sobre o valor dos desenvolvimentos tecnológicos de forma mais consciente. Precisa-se de estudantes interessados em cursar o ensino superior nas áreas de ciência e tecnologia para que surjam as futuras gerações de engenheiros, cientistas e técnicos.  Em outras palavras, é importante que se apresente a ciência e em particular a física aos estudantes da educação básica.

Uma das componentes (certamente não a única) que influi na qualidade da educação é a qualidade de seus docentes.  E a qualidade e o grau de comprometimento dos professores dependem em parte de seu conhecimento do conteúdo específico.  Ninguém ensina o que não domina.

Os professores de física em nosso país são formados em cursos sob responsabilidade de Institutos ou Departamentos de Física. Uma contribuição que a Sociedade Brasileira de Física pode dar à melhoria da educação no país é fazer com que os físicos brasileiros, cujas contribuições à ciência são numerosas e importantes, colaborem no aperfeiçoamento profissional de professores.  Há físicos e programas de pós-graduação em física de ótima qualidade em instituições por todo o país!  Engajá-los no esforço da transformação da educação poderia fazer diferença...

O curso que se inicia propõe-se a apresentar a um número grande de professores da educação básica um aprofundamento nos conteúdos de física, principalmente em seus aspectos conceituais, fenomenológicos, e nos aspectos teóricos, metodológicos e epistemológicos de seu ensino.  Propõe-se também a estimular os professores a refletir sobre sua prática profissional.

O Mestrado Profissional deve ter, associado à dissertação, o que é chamado de um produto educacional.  Isto é, algum tipo de material didático (um texto, um vídeo, um aplicativo computacional, um experimento) que possa ser utilizado por alunos e outros professores e que sinalize que o professor deu o passo fundamental: o de ser capaz de reler os conteúdos de um curso de física e produzir algo que pode ser compartilhado por colegas.

Existem outros mestrados profissionais em ensino de física no país.  Há a expectativa que o apoio que a SBF conseguiu com este programa também seja estendido a esses cursos, e que a SBF se esforce para que isso ocorra.

O país só tem a ganhar com uma educação científica de qualidade.  Contribuir para o sucesso do MNPEF deve ser uma prioridade dos físicos e educadores em física!

25/08/2013

Marta F. Barroso
Prof. Associado – IF, UFRJ
Membro da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física do IF-UFRJ
Membro da CPG do MNPEF

Bl og rafaelrag com o portal da SBF

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