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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Comissão Estadual da Verdade fará audiência pública na UFCG, nesta terça, 06 de agosto


Quatro vítimas da tortura no período do regime militar darão depoimentos

Será realizada nesta terça-feira, dia 6 de agosto, a partir das 9h, no Centro de Extensão da Universidade federal de Campina Grande (UFCG) a terceira audiência pública da Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória da Paraíba. As duas primeiras foram realizadas em João Pessoa e Sapé.

Sob a coordenação do grupo Mapa da Tortura, a comissão gravará as declarações de quatro testemunhas da tortura no período do regime militar (1964-1985) em granjas particulares de comerciantes campinenses, localizadas no distrito de Jenipapo e na cidade de Lagoa Seca. Maura Pires, Josélia, João Dantas e Jorge Cirne (Jorjão) prestarão depoimentos sobre suas experiências, no início dos anos 70.

Coordenado pelo professor Fábio Freitas, da UFCG, o grupo de trabalho Mapa da Tortura na Paraíba de 1964 a 1985, vem realizando o mapeamento dos locais que foram utilizados pelos torturadores, traçando um perfil detalhado das vítimas e ouvindo-as para comparar os seus depoimentos com a documentação as informações dos arquivos militares.

“O confronto dos documentos, as versões, considerando o contexto histórico, interesses e pressões de cada momento, nos permitirá restabelecer a verdade dos fatos”, considerou Fábio Freitas.

Com as análises dos documentos e depoimentos, a comissão também vem estudando e catalogando os fundamentos históricos e as dimensões da tortura, seus modos, instrumentos e espaços.

A audiência tem o apoio da Ouvidoria da UFCG, que, através do ouvidor Maurino Medeiros, juntamente com Fábio Freitas e outros membros da comunidade acadêmica, está propondo a criação da Comissão da Memória e da Verdade da instituição. A proposta será analisada na próxima reunião do Conselho Universitário.

Audiência

Os quatros depoentes foram convidados (podiam recusar ou solicitar audiência fechada) e serão acompanhados por dois psicólogos, durantes as entrevistas. Eles serão interrogados pelos sete integrantes do grupo de trabalho, podendo a plateia também formular perguntas. “Serão quatro ou cinco inscrições do público e os entrevistados terão o direito de não respondê-las”, explicou Fábio Freitas, dizendo que a sessão vem sendo chamada de As Granjas do Terror, em referência aos locais de tortura.

O coordenador do grupo de trabalho chamou atenção para a participação da sociedade nas audiências públicas, especialmente dos jovens e estudantes. “As pessoas precisam ouvir os que sentiram na pele, literalmente, as dores desse período de nossa história”, ressaltou Fábio Freitas, registrando que uma das frases que mais ouvi dos jovens é: “mas isso aconteceu?”.

Indícios

Tão logo o relatório da audiência pública da próxima terça-feira seja concluído, o grupo de trabalho começará a verificar a autenticidade das informações que chegaram à comissão, sobre o fato de uma casa, localizada no Centro de Campina Grande, onde hoje funciona uma pizzaria, ter sido utilizada para a prática de tortura no período da ditadura militar. “Os indícios são fortes e dão conta que as sessões eram acompanhadas por um influente médico campinense” adiantou Fábio Freitas, dizendo que era comum a participação de médicos, pois “ele diziam o momento de parar, ao examinar a vítima”.

(Marinilson Braga - Ascom/UFCG - 01.08.13)
Blog rafaelrag

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