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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Professores brasileiros podem ensinar português no Timor Leste

Blog do professor Rafael Rodrigues (UFCG, campus Cuité, capa deste Blog)

Serão selecionados 50 bolsistas para lecionar por um período de passar de seis meses a um ano
O Timor Leste é um dos países mais novos do mundo. Tornou-se independente há apenas uma década e, por plebiscito, escolheu o português como uma das duas línguas oficiais. Um desafio para a nova nação, já que apenas a população mais idosa e próxima à capital, Díli, fala o idioma. Há 16 línguas locais, num país menor do que o estado de Sergipe.
O Brasil ajuda os timorenses nesse processo de construção da identidade nacional por meio de programa de cooperação internacional que inclui a qualificação de professores e o ensino da língua portuguesa. Todos os anos, um grupo de 50 profissionais, com experiência em formação docente, embarcam para o pequeno país, a 20 mil quilômetros do Brasil, numa ilha no Sudeste Asiático.
Financiado pelo Ministério da Educação, por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Programa de Qualificação de Docentes e Ensino de Língua Portuguesa no Timor Leste (PQLP) está com inscrições abertas até 24 de opassar de seis meses a um ano utubro para professores brasileiros interessados em naquele país. Serão selecionados 50 bolsistas. A inscrição deve ser feita na página da Capes na internet.
O resultado será divulgado em novembro, mesmo mês em que terão início as atividades. Os candidatos selecionados receberão mensalidade de 1,3 mil euros [R$ 3,4 mil] para a modalidade estágio docente e de 2,1 mil euros [R$ 5,5 mil] para a de articulador pedagógico. Terão ainda seguro-saúde, auxílio-instalação e passagem aérea.
“O Brasil tem contribuído com a formação docente no Timor Leste desde 2005”, explica a professora Suzani Cassiani, da Universidade Federal de Santa Catarina, uma das coordenadoras do PQLP. De acordo com Suzani, a experiência é incrível para os professores brasileiros, que podem atuar em outro espaço educacional e conhecer nova cultura. “É uma experiência que muda a vida de quem vai”, afirma. “Muitas vezes, resulta em teses acadêmicas.”
Formação — Segundo dados do Ministério de Educação do Timor Leste, 85% dos professores timorenses não têm formação acadêmica. No entanto, diante da falta de recursos humanos, basta saber falar português para lecionar a uma geração de crianças que não falam o idioma. Não há livros didáticos em português nas escolas. Como o próprio país, a educação, eleita como prioridade pelo governo, também está em construção.
“Os professores escrevem na lousa um texto em português e dão explicações às crianças em tétum, a outra língua oficial, derivada do português”, conta Suzani. “Estamos tentando romper esse formato tradicional e propor um ensino por meio de projetos pedagógicos, com temas do cotidiano das comunidades.”
Dominação — Para entender a realidade do Timor Leste é preciso conhecer a história do país. Embora tenha ficado por quatro séculos sob a influência colonial portuguesa, isso não resultou, ao contrário do que ocorreu no Brasil, em unidade linguística nacional. Os dialetos das aldeias ficaram preservados. Em 1975, Portugal retirou-se do país, que passou ao domínio da Indonésia até 1999. Durante a ocupação, foi proibido o uso do português nas escolas. As crianças passaram a aprender sobre a história e a cultura do país dominador.O português e o tétum foram as línguas de resistência nesse período. Por isso, acabaram escolhidos, em 2002, como oficiais. O inglês foi rejeitado por estar associado à Austrália, que apoiou a dominação da Indonésia.
 
(MEC)
Blog rafaelrag

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