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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Em tempos, na paz e na greve



No que concerne à proposta de carreira, há mais de uma semana o governo enviou ao Congresso Nacional o PL n° 4.368/12 com conteúdo essencialmente estruturado na lógica amplamente rejeitada pela categoria nas Assembleias de base, uma vez que desestrutura ainda mais a carreira, descaracteriza o regime de trabalho de dedicação exclusiva, fere a autonomia universitária e sinaliza com a retirada de direitos garantidos pelo Decreto n°94.664, de 23/07/1987 (PUCRCE).(*)
Em tempos de paz, conciliação e prosperidade a palavra guerra não é pronunciada.  Quando ela aparece, prenuncia mudanças. E, quando se torna tão presente e difícil de negar, agrega partidários. Neles, uma “boa parte” que entende, ou se faz entender, que não é hora de declará-la. Pois, a manutenção da paz sempre é a melhor esperança.
Em tempo de guerra, quando a derrota é iminente, há os defensores do combate até uma data simbólica para uma rendição final e unificada. Todavia, quando a derrota se faz presente, não há como garantir tal unidade e nem conter as retiradas. Mesmo sob a mácula da deserção, pois não há desertores na derrota.
Em geral, quando uma das frentes de batalha se considera definitivamente vitoriosa, no hastear da bandeira da paz pelo outro, já não há mais mesa de negociações, nem bancos para espera, só ecoam os desdém e se revelam as imposições para a rendição. 
Essas imagens não enquadram a greve nacional dos docentes nas IFES e nem têm o foco no governo federal, exercido por sindicalistas e guerrilheiros das causas trabalhistas. Nesse ângulo, não podemos falar em guerra, pois a greve nada mais é do que um simples exercício do direito do cidadão trabalhador.
Essa figura (a greve) é vista, por esses governantes, como uma práxis normal dos seus ensinamentos teóricos. Podemos enxergar, por ela (a figura), que a camarada presidente é a mais entusiasta defensora dos interesses dos servidores universitários e, na sua absoluta lucidez, sabe o que é melhor para todos nós.
A camarada com o seu ilustre presidente (de honra), estadista e doutor (em como ficar rico) no nobre exercício da política, formam uma dupla-face que nos prega o reconhecimento que uma guerra não houve, e não há, nessa verdadeira greve de fatos.
Mas, voltando à paz, a greve sempre traz revelações. E uma delas, por e-mail (**) me chegou: “Quanto a nossa greve/2012 acho que tivemos ganhos sim. Alias, nas nossas greves nunca perdemos, quem perde são os alunos, pois recebemos nossos salários rigorosamente em dia e não perdemos um único dia das nossas férias. Pode ocorrer de não temos as férias em janeiro ou julho, mas com certeza temos em um outro mês”
Esta mensagem, embora plena de equívocos, expressa corajosamente uma visão diferente e contrária a qual eu compartilho com o Comando Nacional de Greve. Infelizmente, ganhos não há suficientes para justificar a saída da greve como uma conquista do movimento e nem como uma dádiva de um governo camarada. 
Por fim: Como ensina o poeta: “Queixo-me às rosas, mas que bobagem. As rosas não falam. Simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti, ai”.
Hiran de Melo – Professor da UFCG
(*) No que concerne à proposta de carreira, há mais de uma semana o governo enviou ao Congresso Nacional o PL n° 4.368/12 com conteúdo essencialmente estruturado na lógica amplamente rejeitada pela categoria nas Assembleias de base, uma vez que desestrutura ainda mais a carreira, descaracteriza o regime de trabalho de dedicação exclusiva, fere a autonomia universitária e sinaliza com a retirada de direitos garantidos pelo Decreto n°94.664, de 23/07/1987 (PUCRCE). No tocante às condições de trabalho, o governo formalizou a criação de uma comissão para acompanhar a expansão nas IFE, composta por representantes do MEC, UNE e dirigentes das instituições federais de ensino, num ato arbitrário que, ao desconsiderar, mais uma vez, o nosso segundo ponto de pauta, dá sequência a seu projeto de expansão para as IFE, que intensifica o processo de precarização. – Comando Nacional de Greve – Comunicado Especial 09.09.2012.
(**)
 ivaldo@dca.ufcg.edu.br 

Blog rafaelrag

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