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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Alagoa Grande terá 1ª biorrefinaria do Nordeste, investimento será de R$ 2,5 milhões

BLOG DO PROFESSOR RAFAEL COM  ARLUCE


Um investimento de R$ 2,5 milhões que une sustentabilidade ecológica, social e econômica no desafio de injetar R$ 6 milhões por ano na economia do Brejo paraibano, além de exportar biocombustíveis para países nórdicos, como Alemanha e Noruega. Essa é a proposta da primeira biorrefinaria do Norte e Nordeste do Brasil, que funcionará em Alagoa Grande, no primeiro trimestre de 2013. Beneficiando 25 comunidades na região e gerando 730 empregos diretos e indiretos, a empresa ‘Bioenergy - Biomassa e Energia Renovável’, produzirá mais de 1,7 milhão de litros de etanol, 7,8 mil toneladas de ‘briquetes’ (biocombustível que substitui a lenha e o carvão) e 16,5 mil metros cúbicos de biofertilizantes por ano.
A biorrefinaria será instalada em uma área de 3,5 mil metros quadrados, no sítio Engenho Baixinha, zona rural do município. O local já possui todas as licenças (técnicas, ambientais e fiscais) e a expectativa é de que a produção do etanol, feito com a cana-de-açúcar, gere uma redução de até 10% no preço do álcool revendido na região do Brejo. “O preço do etanol na bomba varia de R$ 2,09 a R$ 2,15. A tendência é reduzir esse preço, pois não haverá custos com o frete, com o transporte, já que será tudo produzido aqui. A vantagem será também para vendas institucionais, como as cooperativas de táxis”, explicou o chefe executivo da empresa, Severino Sousa.
A construção da biorrefinaria está prevista para iniciar na primeira quinzena de outubro. “Cerca de 90% do valor investido nessa obra foi financiado através do Banco do Nordeste, feito por uma linha de crédito que visa fomentar a industrialização da região”, disse Severino. Ele explicou ainda que a escolha do local se deu por aspectos naturais, logísticos e econômicos. “Os fatores para escolher essa região foram a disponibilidade de insumos secundários, a logística de transporte, já que ficaremos próximos a grandes compradores, e a articulação com os assentados, sindicatos e associações de agricultores e o potencial de mão-de-obra familiar”, disse.
Além do etanol, a empresa se voltará à fabricação de outros três produtos: ração animal, biofertilizantes e o ‘briquete’, um biocombustível feito através da compactação mecânica de resíduos. No caso da biorrefinaria, o bagaço de cana será o resíduo utilizado. Os ‘briquetes’ são utilizados em substituição à madeira e carvão usados em fornalhas.
Bagaço da cana vai virar combustível
As mais de 7,8 mil toneladas de briquete que serão fabricadas na refinaria do brejo paraibano serão feitas através da compactação do bagaço de cerca de 16,8 mil toneladas de cana-de-açúcar. Esse produto é apontado pelos empresários como a grande aposta para a venda interna no país e logo após a consolidação da produção, seguirá para a exportação para Alemanha, Noruega e Finlândia. Somente para fabricação desse produto, serão contratados 24 auxiliares de produção e dois motoristas.
Uma tonelada de briquete corresponde a 7 metros cúbicos de lenha, evitando o corte de até 10 árvores, o que gera impacto positivo contra o desmatamento. “É um produto ecologicamente correto e reduz sensivelmente o desmatamento. No caso do briquete feito com o bagaço da cana, é ainda mais bem recebido pelos movimentos de defesa ecológica por ser algo renovável”, explicou Severino Sousa, chefe da empresa Bioenergy - Biomassa e Energia Renovável.
Além da venda na Paraíba, a intenção é revender os ‘briquetes’ para empresas de São Paulo, onde há déficit de fornecimento de lenha e carvão. “O ‘briquete’ seria o carro chefe nesse primeiro momento, e depois queremos exportar para países nórdicos, o norte da Alemanha, Noruega, Finlândia, que ainda utilizam meios poluentes na matriz energética. O briquete é bastante eficaz porque elimina resíduos e reduz a poluição ambiental, pois gera menor quantidade de fuligem”, disse.
Sendo a matéria-prima do ‘briquete’ a cana-de-açúcar, a produção acaba gerando um ciclo sustentável e rentável economicamente. “Da cana-de-açúcar’ se faz o bioetanol e do bagaço, o briquete, que produz os biofertilizantes. O produto será comercializado com os criadores de gado leiteiro e os pecuaristas da região. Além disso, os biofertilizantes serão usados nas lavouras dos parceiros da biorrefinaria, gerando um ciclo de produção sustentável”, disse Severino.
Os briquetes serão comercializados para proprietários de pizzarias, padarias e mineradoras, diminuindo o desmatamento ilegal do bioma da caatinga. Com o ‘ciclo’ de produção completo, o rendimento poderá ultrapassar os R$ 500 mil por mês. Somente nessas operações agrícolas serão 70 vagas para auxiliares de produção agrícola e quatro para auxiliares de irrigação. Outros 600 empregos indiretos são relativos à ocupação de agricultores de 25 comunidades da região.
Sorgo sacarino é aposta de empresários
O sorgo-sacarino, planta que produz grãos e forragem para alimentar o gado, assume agora outra função: produzir álcool. Mais de 210 hectares dessa cultura serão processados na biorefinaria que será instalada em Alagoa Grande.
Enquanto a produção de um hectare de cana-de-açúcar gasta em média R$ 3,5 mil, e o ciclo demora até um ano e meio, a produção de um hectare de sorgo custa R$ 800 e se produz em até 100 dias.
Outra vantagem é que os empresários podem usar o mesmo maquinário utilizado para moer a cana-de-açucar, economizando, em compra de novos equipamentos. “É a nossa grande aposta. Com o mundo moderno, voraz por fontes de energia renováveis, esse produto ganhou destaque, porque também é utilizado para se fabricar o etanol, que reage bem ao estresse hídrico”, diz Severino Sousa, chefe executivo da empresa.
O objetivo da empresa é formar, ainda em 2013, um campo para a produção dessa cultura. “Não só o sorgo-sacarino, como também a mandioca é algo rentável. Poderemos produzir o álcool hospitalar através do resíduo do processamento dela”, disse Severino Sousa.
A biorrefinaria deve gerar 29 empregos, entre operadores de máquinas e de destilação, auxiliares de laboratório, químico, motoristas, e pessoal administrativo.
(Correio da Paraiba)

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