ADENDO DO BLOG RAFAELRAG. Desde de 2010, o poder público tem oferecerecido o ensino médio público a todos os alunos que estiverem interessados em cursá-lo. O estudante continua podendo escolher se vai fazer ou não o ensino médio. Porém, a partir de 2016, o poder público e os pais poderão ser responsabilizados civil e criminalmente pelos que estiverem fora da escola – como acontece atualmente dos 6 aos 14 anos.
"Quero um País em que a Educação seja algo prioritário, aonde cada criança não vá para escola como um dever e sim como um direito garantido por todos", afirma Thomaz Campos
Fonte: Gazeta 24 Horas Online
*Thomaz Campos é historiador, radialista, consultor em educação, especialista em marketing eleitoral.
A
Educação sempre foi uma das bandeiras políticas preferidas de 10 em cada
10 políticos no Brasil. Sempre que se toca no tema, logo se fala em
construção de Escolas, aumento de salário de professor, manter alunos em
sala de aula, enfim, os mesmos “chavões” que eu venho ouvindo há mais
de 40 anos, independente de ser esse ou aquele político, partido ou
ideologia. Sozinha, a Educação não vai resolver todos os problemas
sociais do País, mais é necessário que ela seja olhada com um pouco mais
de respeito por parte dos nossos governantes e com mais
responsabilidade pela própria sociedade. Será que somente a Escola deve
ser agente ativa do processo de Ensino/Aprendizagem? Ou a Família também
deve ser um fator fundamental nesse processo? Não consigo conceber
Educação sem a participação de diversos agentes que são fundamentais
para que se consiga planejar um processo educacional eficaz e dentre
esses agentes, não descartamos a família, os professores, os alunos e a
sociedade em geral.
Ao fazer
uma reflexão sobre a Educação brasileira, é necessário levar em
consideração que somente em meados do século XX é que começou o processo
de expansão da escolarização básica no País, e que seu processo de
crescimento, no que tange a rede pública de ensino, somente começou a
existir a partir dos anos 70 e 80. Isso dito vale levantar alguns dados
importantes para podermos compreender um pouco desse processo: O Brasil
ocupa o 53º lugar em Educação, em um universo de 65 países avaliados no
PISA. Mesmo com projetos para incentivar a matrícula de quase 100% das
crianças entre os 6 e 12 anos, cerca de 750 mil crianças ainda se
encontram fora da Escola (Dados do IBGE). O índice de analfabetismo
funcional de pessoas na faixa entre os 15 e 64 anos chega ao patamar
de28% da população (Dados do IBOPE). 34% dos alunos que chegam ao 5º ano
não sabem ler (Dados do Programa “Todos pela Educação”.), cerca de 20%
dos jovens que concluem o Ensino Fundamental, nas grandes cidades, não
conseguem ler nem escrever (Dados do programa “Todos pela Educação”).
Ao nos
confrontarmos com esses dados alarmantes, muitos dos leitores podem
começar a indagar o “por que” do não avanço da Educação em similar com
os avanços sociais e econômicos do País, afinal, se a sociedade evolui
logicamente a Educação evolui com ela. Isso nos levaria a pensar o senso
comum, mas as coisas não acontecem assim. Se a sociedade começa a
evoluir, a Escola começa a se adaptar a essa evolução, só que de uma
forma defensiva, tardia e sem a garantia de uma melhora na qualidade da
Educação.
Alguns mais
impulsivos hão de dizer que a “culpa” de tudo isso é dos professores,
que somente se limitam a fazer greves e não querem mais ter nenhuma
preocupação em fazer estudos de reciclagem e de aprimoramento da sua
profissão. Isso é de certa forma, uma afirmação verdadeira, porém,
completamente exagerada sobre a responsabilidade de cada um nesse
processo. É certo que muitos colegas professores não estão se
preocupando como deveriam em ir atrás de novos conhecimentos, de se
familiarizarem com as novas linguagens tecnológicas, por exemplo, mas
seriam somente os docentes os responsáveis pela baixa qualidade da nossa
Educação? Claro que não, essa responsabilidade é de professores,
família, governos e sociedade em geral. A família precisa participar
mais da Educação de seus filhos, procurar acompanhar o desenvolvimento
escolar, conversar mais com professores e orientadores da Escola e não
somente ficar de braços cruzados, esperando que a escola forneça ao seu
filho uma Educação de qualidade. A sociedade precisa fiscalizar mais as
ações de seus governantes na área educacional e garantir que as ações
sejam em prol de todos e não somente discursos vazios. Mas a
responsabilidade maior ainda cabe aqueles que planejam a escola nesse
País. Não é possível mais conceber a escola como sendo mera formadora de
mão de obra para o mercado de trabalho, a escola tem que ser maior do
que isso, ela precisa ter o compromisso de formar cidadãos com uma
cultura e com uma mentalidade mais empreendedora e não somente como
“Cordeirinhos” que são ensinados ao não pensar.
Posso
parecer utópico, sonhador e até mesmo um ingênuo professor que ainda
acredita que Educação é algo muito maior do que apenas discursos
eleitorais, do que prédios construídos. Quero um País em que a Educação
seja algo prioritário, aonde cada criança não vá para escola como um
dever e sim como um direito garantido por todos. Sei que pode demorar,
sei também que pode nunca acontecer, mas vou continuar lutando de todas
as formas para que a Educação seja algo de respeito por parte de todos
os envolvidos, sejam eles professores, família, sociedade e governos.
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