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domingo, 24 de junho de 2012

OPINIÃO: EDUCAÇÃO DE QUALIDADE, DIREITO OU DEVER?


ADENDO DO BLOG RAFAELRAG. Desde de 2010, o poder público tem oferecerecido o ensino médio público a todos os alunos que estiverem interessados em cursá-lo. O estudante continua podendo escolher se vai fazer ou não o ensino médio. Porém, a partir de 2016, o poder público e os pais poderão ser responsabilizados civil e criminalmente pelos que estiverem fora da escola – como acontece atualmente dos 6 aos 14 anos.

"Quero um País em que a Educação seja algo prioritário, aonde cada criança não vá para escola como um dever e sim como um direito garantido por todos", afirma Thomaz Campos

Fonte: Gazeta 24 Horas Online

*Thomaz Campos é historiador, radialista, consultor em educação, especialista em marketing eleitoral.
A Educação sempre foi uma das bandeiras políticas preferidas de 10 em cada 10 políticos no Brasil. Sempre que se toca no tema, logo se fala em construção de Escolas, aumento de salário de professor, manter alunos em sala de aula, enfim, os mesmos “chavões” que eu venho ouvindo há mais de 40 anos, independente de ser esse ou aquele político, partido ou ideologia. Sozinha, a Educação não vai resolver todos os problemas sociais do País, mais é necessário que ela seja olhada com um pouco mais de respeito por parte dos nossos governantes e com mais responsabilidade pela própria sociedade. Será que somente a Escola deve ser agente ativa do processo de Ensino/Aprendizagem? Ou a Família também deve ser um fator fundamental nesse processo? Não consigo conceber Educação sem a participação de diversos agentes que são fundamentais para que se consiga planejar um processo educacional eficaz e dentre esses agentes, não descartamos a família, os professores, os alunos e a sociedade em geral.
Ao fazer uma reflexão sobre a Educação brasileira, é necessário levar em consideração que somente em meados do século XX é que começou o processo de expansão da escolarização básica no País, e que seu processo de crescimento, no que tange a rede pública de ensino, somente começou a existir a partir dos anos 70 e 80. Isso dito vale levantar alguns dados importantes para podermos compreender um pouco desse processo: O Brasil ocupa o 53º lugar em Educação, em um universo de 65 países avaliados no PISA. Mesmo com projetos para incentivar a matrícula de quase 100% das crianças entre os 6 e 12 anos, cerca de 750 mil crianças ainda se encontram fora da Escola (Dados do IBGE). O índice de analfabetismo funcional de pessoas na faixa entre os 15 e 64 anos chega ao patamar de28% da população (Dados do IBOPE). 34% dos alunos que chegam ao 5º ano não sabem ler (Dados do Programa “Todos pela Educação”.), cerca de 20% dos jovens que concluem o Ensino Fundamental, nas grandes cidades, não conseguem ler nem escrever (Dados do programa “Todos pela Educação”).
Ao nos confrontarmos com esses dados alarmantes, muitos dos leitores podem começar a indagar o “por que” do não avanço da Educação em similar com os avanços sociais e econômicos do País, afinal, se a sociedade evolui logicamente a Educação evolui com ela. Isso nos levaria a pensar o senso comum, mas as coisas não acontecem assim. Se a sociedade começa a evoluir, a Escola começa a se adaptar a essa evolução, só que de uma forma defensiva, tardia e sem a garantia de uma melhora na qualidade da Educação.
Alguns mais impulsivos hão de dizer que a “culpa” de tudo isso é dos professores, que somente se limitam a fazer greves e não querem mais ter nenhuma preocupação em fazer estudos de reciclagem e de aprimoramento da sua profissão. Isso é de certa forma, uma afirmação verdadeira, porém, completamente exagerada sobre a responsabilidade de cada um nesse processo. É certo que muitos colegas professores não estão se preocupando como deveriam em ir atrás de novos conhecimentos, de se familiarizarem com as novas linguagens tecnológicas, por exemplo, mas seriam somente os docentes os responsáveis pela baixa qualidade da nossa Educação? Claro que não, essa responsabilidade é de professores, família, governos e sociedade em geral. A família precisa participar mais da Educação de seus filhos, procurar acompanhar o desenvolvimento escolar, conversar mais com professores e orientadores da Escola e não somente ficar de braços cruzados, esperando que a escola forneça ao seu filho uma Educação de qualidade. A sociedade precisa fiscalizar mais as ações de seus governantes na área educacional e garantir que as ações sejam em prol de todos e não somente discursos vazios. Mas a responsabilidade maior ainda cabe aqueles que planejam a escola nesse País. Não é possível mais conceber a escola como sendo mera formadora de mão de obra para o mercado de trabalho, a escola tem que ser maior do que isso, ela precisa ter o compromisso de formar cidadãos com uma cultura e com uma mentalidade mais empreendedora e não somente como “Cordeirinhos” que são ensinados ao não pensar.
Posso parecer utópico, sonhador e até mesmo um ingênuo professor que ainda acredita que Educação é algo muito maior do que apenas discursos eleitorais, do que prédios construídos. Quero um País em que a Educação seja algo prioritário, aonde cada criança não vá para escola como um dever e sim como um direito garantido por todos. Sei que pode demorar, sei também que pode nunca acontecer, mas vou continuar lutando de todas as formas para que a Educação seja algo de respeito por parte de todos os envolvidos, sejam eles professores, família, sociedade e governos.
 Blog rafaelrag 
Ciências e educação

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