O Banco Central (BC) manteve a previsão
de que a gasolina e o gás de botijão não sofrerão reajuste este ano, ao
contrário do que vem sendo defendido pelo mercado e pela presidente da
Petrobras, Graça Foster.
A previsão do BC consta na ata da reunião do Comitê de Política
Monetária, que usa a manutenção dos preços dos combustíveis, itens com
forte peso na inflação, como uma das justificativas para a redução em
maio da taxa básica de juros no País.
Desde que assumiu o cargo, em fevereiro, Graça vem defendendo, embora
sem data ou porcentuais, uma eventual correção da defasagem entre o
preço do petróleo no mercado internacional e o vendido pelas refinarias
da companhia a distribuidoras.
Analistas chegam a calcular uma defasagem de cerca de 30% como desvantagem para a empresa.
No mês passado, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, defendeu
que houvesse um reajuste quando o preço do barril de petróleo no mercado
internacional batesse US$ 130. Hoje, o barril do Brent está em US$ 101.
Na divulgação do resultado financeiro do segundo trimestre, o diretor
Financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, afirmou desconhecer o patamar
estipulado pelo ministro. O governo é controlador da Petrobrás, que tem
como presidente de seu conselho de administração o ministro da Fazenda,
Guido Mantega.
O último reajuste de preços (10% para a gasolina e 2% para o diesel)
ocorreu em novembro, mas foi compensado pela redução da Cide pelo
governo, de forma a não haver impacto de preços nas bombas. A redução da
Cide, no entanto, se encerra no fim deste mês. Sem renovação, a
Petrobrás pode amargar prejuízos ainda maiores a partir de julho, caso a
previsão do BC se confirme.
Sem reajuste nas refinarias, uma das saídas para compensar parte das
perdas da Petrobrás poderia vir da elevação da mistura de etanol anidro à
gasolina. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) diz que já há
condições no mercado para retomar a proporção de 25% de etanol na
mistura, contra os 20% atuais.
A entidade diz já existir produção suficiente para sustentar a alta.
Também conta a favor desta solução o fato de a produção de etanol anidro
estar mais vantajosa em termos de preço do que a produção de açúcar,
cujas cotações caíram no mercado internacional
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