Apesar
de ser um direito humano, o acesso à água ainda não é uma realidade
garantida para todos/as. Foi pensando na situação das crianças e dos
adolescentes que estudam em escolas no semiárido que a Articulação no
Semi-Árido Brasileiro (ASA) desenvolveu o projeto Cisternas nas Escolas.
A iniciativa, realizada em parceria
com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o
Instituto Ambiental Brasil Sustentável (IABS) e a Agência Espanhola de
Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), agora está em
fase de prestação de contas. Durante dois anos, o projeto, desenvolvido
dentro do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC) da ASA, construiu
cisternas em 843 escolas de nove estados do semiárido brasileiro.
De acordo com Jean Carlos Medeiros,
coordenador do P1MC, 146 municípios foram contemplados e 56 mil pessoas,
entre alunos/as, professores/as e funcionários/as foram beneficiadas
com a iniciativa. Com as cisternas, a comunidade escolar agora tem água
para beber e para preparar a merenda escolar. Cada cisterna, segundo
Medeiros, tem capacidade para 52 mil litros de água.
Se antes os/as alunos/as precisavam
levar garrafas com água para escola ou às vezes até mesmo deixavam de
ter aulas por falta de água, agora não só têm o bem natural para
consumir como também discutem o assunto em sala de aula.
“O projeto reforça a convivência com o
semiárido, além das cisternas, desenvolveu materiais em que professores e
alunos estavam representados. Algumas cartilhas foram utilizadas nas
aulas de matemática, ciências e geografia para discutir recursos
hídricos, uma educação contextualizada, que destaca a realidade local”,
comenta o coordenador do P1CM.
Através de desenhos animados, por
exemplo, as crianças aprendem sobre o ciclo da água, o direito à água
potável, o uso racional do recurso natural, entre outros assuntos que
são destaque na série Água, Vida e Alegria no Semiárido. Na avaliação de
Medeiros, o projeto ainda conseguiu ir além. Isso porque, de acordo com
ele, a construção das cisternas contribuiu para o diálogo entre
comunidade e poder público.
“Em muitos locais o poder público foi
responsável por melhorar a escola para receber a cisterna [...], o que
gerou uma expectativa na comunidade para dialogar mais com o poder
público sobre as necessidades das escolas”, afirma, lembrando ainda que o
projeto também gerou espaços de debates entre a própria comunidade
escolar, como questões sobre o reabastecimento da cisterna no período de
estiagem e os cuidados na época em que não há aulas. “Fortaleceu o
controle social na escola e foi catalisador de outros processos, outros
temas”, acrescenta.
Água nas escolas
A falta de água nas escolas ainda é
problema comum na região semiárida. No relatório O Direito de Aprender –
Potencializar avanços e reduzir desigualdades “Situação da Infância e
da Adolescência Brasileira 2009”, o Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef), a partir de dados do Conselho Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (Consea), destacou que, “das 37,6 mil escolas na
zona rural da região, 28,3 mil não são abastecidas pela rede pública.”
O coordenador do P1MC da ASA, por sua
vez, reforça que o acesso à água é um direito humano e que a organização
realiza ações justamente para contribuir para a garantia desse direito.
“É importante garantir o acesso à água não só às famílias, mas também
aos filhos dos agricultores [que estão em sala de aula]”, considera.
Para mais informações, acesse: www.asabrasil.org.br
Adital
Blog rafaelra/focando a noticia
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