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quinta-feira, 7 de maio de 2020

A DESPEDIDA DE LAURA

Por Martinho Ramalho

Tinha uma foto no quarto do meu pai que eu sempre olhava. Tinha meu pai, minha mãe e meu irmão Valdir criança nos braços de uma jovem.

Fazendo uso da curiosidade que existe na espécie humana, eu jovem adolescente perguntei a meu pai: - Quem é aquela que está na foto segurando meu irmão nos braços?
- É Laura, uma prima que casou e foi morar na África do Sul.
Na fotografia do casamento de minha Tia Nevinha na final da década de 1940, Laura estava presente. Laura, filha de meu tio avô Alfredo Teotônio, e irmã de Irene;
Hélio, meu primo, depois da morte de sua mãe Irene, irmã de Laura, queria saber o paradeiro da sua tia Laura. Conseguiu o endereço dela no Estado de Rondônia ( meu pai pensava que ela estava na África do Sul). Viajou para Rondônia, e trouxe a tia para rever seus familiares em Alagoa Grande.
Recebi um telefonema de minha irmã, dizendo que Laura, prima do meu pai, estava em Alagoa Grande, minha terra natal, e perguntou se eu queria conhecê-la.
Saí de João Pessoa para visitar a prima do meu pai que não conhecia, a não ser pelo retrato na moldura na parede do quarto do meu pai,
Foram momentos de alegria e satisfação ver uma prima que saiu de Alagoa Grande ainda jovem , que havia morado no Abrão, terra dos nossos ancestrais, que casou ,mãe de 7 filhos, que foi morar em Rondônia e nunca mais voltou.
Ela me contou que esteve no enterro do meu avô em 1949, tendo viajado da fazenda Abrão (município de Gurinhém) de cavalo para o sepultamento em Alagoa Grande.
Depois de um ano do retorno a família em Rondônia , Laura faleceu.
De forma involuntária, a viagem a terra natal, foi a viagem de despedida.
Tive, portanto, a satisfação de conhecer ainda com vida, a prima do retrato da parede do quarto da casa do meu pai.
As vezes uma visita, pode ser a última visita, ou seja, a despedida. Pois foi isso que aconteceu com minha prima Laura, que imortalizei num retrato que tirei abraçado com ela, pois “ O passado nunca conhece seu lugar. O passado está sempre presente.



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